intimidades superficiais

devaneios pouco claros, mentiroso, irônicos, falsos, profundos, verdadeiros e rasos

sexta-feira, 29 de fevereiro de 2008

no fundo, você não quer me responder

no fundo a gente se afoga...
e tem medo de perder tudo
no fundo é escuro
esquecemos de nós mesmos

o peso que nos sufoca
responde questionamentos
corretas palavras
em perguntas de outros

oxigênio desnecessário
com uma pedra aos pés
palavras nunca ditas
uma questão afundada

ninguém achará o bilhete posto na garrafa...

terça-feira, 26 de fevereiro de 2008

marasmo

fundo buraco
te enterra
para que nasça
neste raio
um pé de marasmo

e qual fruto
de sabor único
dia de insulto
jejum constante
de lábios cerrados

árvore sozinha
no alto monte
vejo brilhante
ao nascer do sol
de minha cela fria

sábado, 23 de fevereiro de 2008

semana

semana
de fardo

espera
outro sábado

de espera
toma o tempo

de repente
aqui dentro

criança
toma o dado

e de errado
volta ao início

aprende com o vento
do meu domingo

segunda-feira, 18 de fevereiro de 2008

alomorfia

membrana
frágil
abraça tudo

tecido
lindo
em novas cores

líquido
expande
origem da vida

necrose
cheirosa
filha da desintegração e morte

um novo filho
feto
pus acumulado
abscesso

segunda-feira, 11 de fevereiro de 2008

quase esquecidos

pedaços meus ao vento
fragmentos
perdidos
quase esquecidos

lembrança
uma página branca
insight futuro
nulo

hoje rasgado
arremessado
pensamento em versos transformado
um papel reciclado

quinta-feira, 7 de fevereiro de 2008

camelos voadores

camelos voadores riem da minha cara
olhando ao espelho quebrado vejo vozes amareladas
outra manhã nesse recinto pouco arejado
sabor e cheiro suave de pão de queijo com mousse de maracujá

bate-se a porta ao lado
é outro ser que desperta enquanto o sol ainda não brilha
diálogo é o último desejo de quem deseja dormir
mas acordado louvamos a aurora borrada de branco

luzes cintilantes internas me ofuscam
daquilo que pretendia colorir
mas agradeço o ar poluído que exalo
deito e repouso nesse travesseiro de pedra

domingo, 3 de fevereiro de 2008

poker

casa cheia
tudo dentro

outras fichas rolando
noite varada
pressão psicológica

blefe
em todas as áreas da vida

sua aposta baixa
revela
seu medo de viver

elimine outro da mesa
aumente seu bolo

regra básica
sobrevivência
no jogo da vida