intimidades superficiais

devaneios pouco claros, mentiroso, irônicos, falsos, profundos, verdadeiros e rasos

quarta-feira, 19 de novembro de 2008

união de mundos

fronteira
geográfica
pólos distantes

mistura
única
diferentes culturas

mágica
de uma ponte
união de mundos

quinta-feira, 16 de outubro de 2008

contraste

contraste
distinção
afastados planos
indefinidos


imagem
níveis de visão
objeto que separa-se
de um fundo falso

segunda-feira, 6 de outubro de 2008

intriga

deturpada
intriga

mentes
caminham
em sentidos opostos
de mãos dadas

outra festa à fantasia
eu nu
ela vestida

briga
enrustida

se quiseres sair
um último pedido:
não apague
minha luz

quarta-feira, 17 de setembro de 2008

compromisso

pensamentos
idéias

mesmo anseio
independente
do fechar dos olhos

despertar
indiferente

esperança
a preencher
todo intelecto

tanto aguardo

o compromisso
hoje cancelado

terça-feira, 26 de agosto de 2008

o sofá ou discurso sobre um clube de amigos

um momento de lazer
em clube fechado
círculo definido
prazer trancado

amigos, entre abraços
laços
em nó cego
não só um mero
sofá compartilhado

um tempo incerto
nada programado
relógio infinito
aberto legado

quinta-feira, 31 de julho de 2008

quando o clima afeta o aroma

gotejar
como chuva morna
em clima tropical

carne aberta
a contrastar o violeta
do crepúsculo invernal

o chão de tacos
brilha como novo

no ar
um odor púrpura
de humano fresco

terça-feira, 22 de julho de 2008

perfeita maquiagem

luxo em linho
esmalte vermelho
um pouco de brilho

base no rosto
face de boneca
vestido delineia o corpo

maquiagem perfeita
após diversos choros
fecha-se outro caixão

terça-feira, 1 de julho de 2008

velório

véu negro
da velha
no corredor de velas
o velório

velado
o velho
no decorrer da valsa
o velório

vestido
ao vento
no despedir que veio
o velório

segunda-feira, 16 de junho de 2008

carótida

aperto na carótida
decretando o silêncio
na minha vida
esta paródia

aconchegante leito
no quarto quente
sem mais palavras
"está feito"

sono dos humildes
ação inteligente
mas para todos eles
outro vencido

aquele ódio crescido
contra a humanidade
dou-lhes este presente
que meu corpo esfrie

terça-feira, 10 de junho de 2008

página inicial

pior notícia
em letras garrafais
como o anúncio
do fim do mundo

envolto
pelos fatos
que preenchem a leitura da semana

escapatória
impossível
apocalipse
todo meu

melhor seria
lançar-me num vulcão
do que ter
apenas
tua amizade

sexta-feira, 6 de junho de 2008

rumores

rumores
de outra consequência

atos
sem amores

e se por dádiva
me algemam num retrato
experiência
em novas cores

lágrima
sem sofrimento

fotografia
outro momento

atrás do vidro
observar é sina

híbrido
sentimento
novos atores
nessa vida de mentira

domingo, 1 de junho de 2008

ausência de falhas

engolir de um desprezo
dores abdominais
certeza na ausência de falhas
frente a frente com o carrasco
sem entender a sentença
enforcado em pensamentos

instrumentos intactos
expressam no silêncio
a falta de arte
músico incompreendido
recluso num camarim qualquer

tentar andar é impossível
aleijado de auto-estima
os olhos parados
a contemplar as paredes
com as cores de sempre
numa busca por contentamento

quarta-feira, 28 de maio de 2008

grotesco animal

silhueta deforme
olhos de coala
membros entrelaçados
grotesco animal

poeira presente
completa a passarela

entre passos corriqueiros
discussões

amarras desprezadas
em meio o dançar
de outra rotina

espreguiça-se
outro cão de delegacia

sábado, 17 de maio de 2008

tijolos

parede
de tijolo
pois apenas os tolos
julgam aparência

e em busca da essência
desperto do sono
convívio humano
ameniza a sede

num diálogo
sem abraço
pensamento nada raso
amizade é algo mágico

terça-feira, 29 de abril de 2008

competição sincera

um olho fechado
piscada não sincera
falsa expressão
mentirosa face

e como aquele homem
de nariz vermelho e maquiagem
muito individualmente
conceituou a ilusão

me disfarço de disfarce
pra não perder a competição
vencedor unânime
o melhor ator do mundo

em seu palco alto
contemplo figuras
uma máscara em cada ato
em teu show ilusionista

mágica não inédita
ludibria repetidamente
a imagem não clara
de sua face de engano

terça-feira, 1 de abril de 2008

cinza uniforme

este vento levará
tais carregadas nuvens
ao oeste de nossas vidas

e por sorte passada
não se vá agora
espere o frescor da garoa

entre formas gasosas
linhas luminosas
aparecem e dissipam
num vai e vem

o sopro invisível
não cumpriu seu papel
o céu acima de nós
em cinza uniforme

segunda-feira, 24 de março de 2008

Vem,

Freud explica
porra nenhuma

pensamentos
psicóticos

Vem,
estuda-me
tente compreender
a si mesmo

seus adjetivos
te completam?

Vem,
e falas de mim
para responder
teus anseios

mata-me por dentro
mate meus medos

Assim:
Vem,
tente seguir
a trilha de volta

em meus desejos
não há retorno

sexta-feira, 14 de março de 2008

quebra-mente

quebra
atado
leve
mente

se por hora
me amarro
me enterro
em branca neve

por teus olhos
quebrantado
sigo teus passos
levemente

domingo, 9 de março de 2008

palavras em atropelo

atropelado
por tantas palavras
que vão saindo
no desespero
de um falar
que cala

desconexão
de idéias
eu vejo o céu azul
com a maçã
sobre a toalha
suja de geléia de amora

e teu falar
continua ressoando
se alterando
camaleão linguístico
entre fumaça de idéías

aos poucos
me posto perto
indiscreto
ouvir suas frases
a poucos metros
pancada certeira

e como um suicida
me lanço
na direção
de seus pronomes
arranhado por verbos
interrompo
tua avalanche
com meu beijo

quarta-feira, 5 de março de 2008

valsa redescoberta

um dia de culpa
valsa pela noite
peça outra música

simples e claro
sempre o banquete
afortunado

salão em confete
lustre gigante
me enaltece

de luxo o vestido
peça única
trapos coloridos

sábado, 1 de março de 2008

jardinagem em ousadia

ousadia não apenas
de um mero imaginar
complexo trabalho
concretizar de nova realidade

ânimo rodopiante
um objeto qualquer
lançado escada abaixo

mundo próprio criado
em pensamentos
alimentados de esperanças
ausentes em catálogos

fossa amiga atual
precede canteiro
jardinagem elaborada
terra que colore as unhas

sexta-feira, 29 de fevereiro de 2008

no fundo, você não quer me responder

no fundo a gente se afoga...
e tem medo de perder tudo
no fundo é escuro
esquecemos de nós mesmos

o peso que nos sufoca
responde questionamentos
corretas palavras
em perguntas de outros

oxigênio desnecessário
com uma pedra aos pés
palavras nunca ditas
uma questão afundada

ninguém achará o bilhete posto na garrafa...

terça-feira, 26 de fevereiro de 2008

marasmo

fundo buraco
te enterra
para que nasça
neste raio
um pé de marasmo

e qual fruto
de sabor único
dia de insulto
jejum constante
de lábios cerrados

árvore sozinha
no alto monte
vejo brilhante
ao nascer do sol
de minha cela fria

sábado, 23 de fevereiro de 2008

semana

semana
de fardo

espera
outro sábado

de espera
toma o tempo

de repente
aqui dentro

criança
toma o dado

e de errado
volta ao início

aprende com o vento
do meu domingo

segunda-feira, 18 de fevereiro de 2008

alomorfia

membrana
frágil
abraça tudo

tecido
lindo
em novas cores

líquido
expande
origem da vida

necrose
cheirosa
filha da desintegração e morte

um novo filho
feto
pus acumulado
abscesso

segunda-feira, 11 de fevereiro de 2008

quase esquecidos

pedaços meus ao vento
fragmentos
perdidos
quase esquecidos

lembrança
uma página branca
insight futuro
nulo

hoje rasgado
arremessado
pensamento em versos transformado
um papel reciclado

quinta-feira, 7 de fevereiro de 2008

camelos voadores

camelos voadores riem da minha cara
olhando ao espelho quebrado vejo vozes amareladas
outra manhã nesse recinto pouco arejado
sabor e cheiro suave de pão de queijo com mousse de maracujá

bate-se a porta ao lado
é outro ser que desperta enquanto o sol ainda não brilha
diálogo é o último desejo de quem deseja dormir
mas acordado louvamos a aurora borrada de branco

luzes cintilantes internas me ofuscam
daquilo que pretendia colorir
mas agradeço o ar poluído que exalo
deito e repouso nesse travesseiro de pedra

domingo, 3 de fevereiro de 2008

poker

casa cheia
tudo dentro

outras fichas rolando
noite varada
pressão psicológica

blefe
em todas as áreas da vida

sua aposta baixa
revela
seu medo de viver

elimine outro da mesa
aumente seu bolo

regra básica
sobrevivência
no jogo da vida

quarta-feira, 23 de janeiro de 2008

devoro nas entranhas

devoro
suculento óvulo
nas entranhas

ato deplorável
para uns
bizarro

mas impeço
outra façanha
nivelada rasteira

pois aborto
saudoso
propagação incurável

mastigar voraz
triturando
ser humano
que ainda sonha
esperançoso
salvar o mundo

sexta-feira, 18 de janeiro de 2008

meio dia

é meio dia
sombras inclinadas
ainda é horário de verão

inúmeros ruídos
tilintar de metais
contra porcelanas caras

ruas vazias
almoço em família

rotina hipócrita
de relações humanas

segunda-feira, 14 de janeiro de 2008

figura

figura
imagem patética
tão simples

traços diagonais
mera impressão
rascunho em folha reciclada
de uma impressora já sem tinta

como um efeito
nocauteador
manchas que inspiram

expiro repúdio

troquem os quadros famosos
pela imagem de um olhar

o olho cego
da auto-crítica

quarta-feira, 2 de janeiro de 2008

trincheira

me jogo na trincheira
de alma inteira

o corpo
delicadamente
dilacerado

sufoco
nos botões pregados ao pescoço
calcanhar
me aleja
nó cego, cega

som de passos
ouvidos ao solo
terra, fartura
entre meus lábios

enquanto tempo me resta
de sentir o calor
do sangue que espaca

suor em minha testa